A cárie dentária como uma doença infecciosa transmissível
FIGUEIREDO, M. C.; FALSTER, C. A. A cárie dentária como uma doença infecciosa transmissível. RFO UPF, Passo Fundo, v.2, n.L, p.23-32, jan. /jun.1997
“A cárie é presentemente reconhecida como uma doença infecto-contagiosa que resulta na perda localizada de minerais dos dentes afetados, causada por ácidos provenientes da fermentação microbiana dos carboidratos da dieta.”
“É uma doença multifatorial, termo usado para explicar a interação entre três fatores primários: um hospedeiro suscetível, o dente; uma microflora cariogênica, os estreptococos do grupo mutans - principal patógeno do desenvolvimento da doença cárie -, e um adequado substrato local, a sacarose), essenciais para a sua iniciação e progressão.”
“O fator transmissibilidade é crucial no desenvolvimento da doença cárie.”
“Existem microorganismos específicos relacionados à cárie que fazem com que a placa bacteriana de natureza cariogênica seja constituída de uma microbiota anaeróbica facultativa, Gram positiva, sacarolítica e representada basicamente pelos S. mutans.”
“Os S. mutans são microorganismos altamente cariogênicos, cuja aquisição se dá nas fases precoces da vida, logo após a erupção dos dentes.”
“Crianças de tenra idade não abrigam S. mutans até um determinado tempo após a erupção dentária, pois eles requerem a presença de uma superfície dura e não descamatíva para que ocorra a colonização.”
“Os lactobacilos, por sua vez, também integram o grupo dos microorganismos cariogênicos, mas estes microorganismos só estão presentes em estágios avançados, quando as lesões de cárie já se traduzem clinicamente como cavitações.”
“Os lactobacilos são chamados de invasores secundários, pois contribuem para a progressão das lesões de cárie devido às suas características acidogênicas.”
“Os S. mutans estão associados à iniciação da cárie e os lactobacilos, com a sua progressão.”
“A cavidade bucal do homem, estéril ao nascimento, é logo contaminada com uma flora predominantemente estreptocócica in natura: S. salivarius tem sido detectado 18 horas após o nascimento, enquanto que o S.sanguis coloniza a cavidade bucal durante o primeiro ano de vida; por sua vez, S. mutans podem ser isolados na dentição decídua ao tempo dos molares terem irrompido.”
“A mãe é a maior fonte de infecção do S. mutans para seus filhos.”
“A transmissão dos microorganismos ocorre predominantemente da mãe para o filho pelo contato físico direto.”
“Ao lado dessa possibilidade de transmissão bacteriana cariogênica dos pais para os filhos, outros fatores também devem ser pesquisados, como hereditariedade e alguns fatores ambientais.”
“Diferenças entre as crianças negras, hispânicas e brancas podem influenciar na atividade de cárie dentro de populações com semelhantes níveis de infecção pelo S. mutans.”
“A educação dos pais sobre a importância de um consumo inteligente do açúcar, a necessidade de uma adequada e sistemática higiene bucal e uso racional do flúor são medidas básicas e de valor relevante para a manutenção de condições equilibradas na cavidade bucal da criança.”
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