25 de mai. de 2011

Questão 3

O papel da genética na dependência do álcool

MESSAS, G.P.; VALLADA FILHO, H.P. O papel da genética na dependência do álcool. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, 2011 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462004000500014
access on 30 May 2011. doi: 10.1590/S1516-44462004000500014.

“O estudo do componente genético nas dependências químicas em geral sofre da mesma dificuldade experimentada pelos demais transtornos da psiquiatria: a indefinição fenotípica, ou seja, a dificuldade de delimitar fronteiras claras para as categorias diagnósticas."
“Os estudos epidemiológicos dividem-se em três modalidades: os estudos em famílias, em gêmeos e de adoção.”
“Os estudos em famílias vêm demonstrando, com segurança, a agregação familiar da dependência do álcool, encontrando aumento de três a quatro vezes na prevalência desta dependência em parentes de primeiro grau de dependentes quando comparado a indivíduos da população geral.”
“Os estudos em gêmeos: diversos estudos encontraram influências genéticas moderadas ou elevadas em dependência do álcool para o sexo masculino, com estimativas de herdabilidade que variaram de 40% a 60%. A herdabilidade é um conceito epidemiológico que avalia, dentro de uma população, o quanto da variância de um traço ou transtorno é devido a fatores genéticos: portanto, não fornece informações precisas a respeito da maneira como a transmissão genética se efetiva. Para o sexo feminino, resultados mais controversos foram encontrados com estudos que mostraram importante contribuição genética.”
“Estudos de adoção: os trabalhos que examinaram a questão na dependência do álcool ou em dependência de outras drogas encontraram, invariavelmente, uma prevalência significativamente maior de dependência do álcool ou de drogas em filhos de pais biológicos com diagnóstico semelhante do que em controles, no sexo masculino e feminino.”
“ A grande heterogeneidade dos resultados encontrados praticamente afasta um modelo de transmissão mendeliana para o problema da dependência química, onde apenas um gene seria responsável pelo surgimento do transtorno. “
“Cinco traços de personalidade vêm sendo relacionados à vulnerabilidade ao alcoolismo: nível de atividade comportamental, emotividade, capacidade de arrefecimento emocional, persistência da atenção e sociabilidade.”
“Orientados pela força dos achados dos estudos epidemiológicos, que comprovam a existência de participação genética nos transtornos de dependência e estimulados pelo avanço das técnicas em genética molecular, os pesquisadores vêm investindo nos estudos moleculares para dependência do álcool.”
“São duas formas de realização de trabalho em genética molecular: os estudos de ligação e os de associação. Nos primeiros, procuram-se genes de maior efeito; ou seja, para um determinado transtorno, busca-se aquele gene que possa ser capaz de, por si só, causar o desenvolvimento do distúrbio. Os estudos de associação investigam a participação de genes candidatos dentro do transtorno; ou seja, eles verificam em que percentual um determinado gene tem influência.”
“Sistema dopaminérgico é o mais estudado dentre os trajetos envolvidos no sistema de recompensa cerebral, com destaque para a investigação de variações polimórficas nos genes de seus cinco tipos de receptores (DRD1; DRD2; DRD3; DRD4 e DRD5). “
“Evidências preliminares indicam um papel para outros genes do sistema dopaminérgico, serotoninérgico, gabaérgico e opióide que, atuando em conjunto, podem elevar a suscetibilidade individual de seus portadores a dependências.”
“Os estudos em genética de dependências químicas prometem resultados mais sólidos nos próximos anos, avançando através de trabalhos com metodologias mais complexas, em ação sinérgica.”

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